domingo, 6 de agosto de 2017

Vigilantes acusam empresa do DF de reter pagamento de consignado

Funcionários da Ipanema dizem que tiveram nomes negativados mesmo com parcelas de empréstimo descontadas em folha


Vigilantes da Ipanema Segurança que pegaram empréstimos consignados acusam a empresa de descontar os valores das parcelas dos contracheques e não repassá-los ao Banco de Brasília (BRB). O sindicato da categoria denuncia que, devido à situação, cerca de 500 profissionais estão com o nome sujo em órgãos como o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e a Centralização de Serviços dos Bancos (Serasa).

Segundo o Sindicato dos Vigilantes do Distrito Federal (Sindesv-DF), embora os profissionais estejam indignados, eles têm evitado subir o tom das reclamações pois temem sofrer represálias. Ainda assim, sobram relatos de problemas. “Eu já nem vou mais em lojas se tiver que fazer compra a prazo. Sei que será recusada e não quero passar vergonha. Isso é um absurdo, porque a dívida tem sido descontada do meu salário”, contou um vigilante ao Metrópoles.


Outro homem disse que a situação dele é ainda pior, pois não conseguiu um financiamento e, assim, foi impedido de comprar um imóvel por estar com o nome no SPC. “Eu trabalho na empresa há mais de 10 anos e nunca pensei que isso poderia acontecer. De repente, recebi uma carta avisando que meu nome estava sujo. Liguei para ver o motivo e descobri que o banco não recebeu as últimas quatro parcelas que eu tive descontadas do meu salário”, afirmou.



Um sem casa, outro sem carro
Uma trabalhadora disse à reportagem que tentou financiar um veículo usado, o que ajudaria no transporte de toda a família, mas, quando entregou a papelada em uma financeira para ter o crédito aprovado, recebeu a má notícia. “A gente está abrindo mão de vários sonhos por conta disso”, desabafou.


Segundo o Sindicato dos Vigilantes, relatos do gênero começaram no início do ano, mas se multiplicaram nos últimos três meses. “Os funcionários reclamam que, quando ligam na empresa e pedem para que a situação seja regularizada, a pessoa que atende diz que ‘é assim mesmo’, e ‘quem quiser que procure a Justiça’”, denuncia Gilmar Rodrigues, secretário de Imprensa do Sindesv-DF.

Ipanema admite atraso
Acionada pela reportagem para comentar o caso, a Ipanema negou que o problema se arraste há meses, conforme denunciou o sindicato, mas admitiu atraso no repasse. Na segunda-feira (31/7), uma funcionária da área financeira disse que há “uma única parcela não repassada para o banco, referente ao mês de julho”.

A mulher, que não se identificou, prometeu que um diretor da empresa daria retorno à reportagem, de forma oficial, para explicar a situação.Como ninguém retornou, um novo contato foi feito na terça (1º/8) pelo Metrópoles e a Ipanema disse que ninguém falaria mais sobre a situação dos funcionários.

Sigilo bancário
O BRB, por sua vez, confirmou que trabalhadores da empresa de vigilância contraíram empréstimos com a instituição. “A Financeira BRB e a Ipanema Segurança celebraram convênio para a concessão de empréstimos consignados”, disse. No entanto, o banco não detalhou se há inadimplência.


Outros problemas
Esse é só mais um dos problemas relatados pelos vigilantes do DF. Frequentemente, eles reclamam da falta de pagamento por parte das empresas que, em sua maioria, prestam serviços ao Governo do Distrito Federal. Em abril, por exemplo, a categoria chegou a paralisar as atividades em busca de aumento salarial, reajuste no vale-alimentação e o fim das contratações de trabalhadores por hora.

Em fevereiro, o Tribunal de Contas do DF suspendeu uma licitação do GDF para a contratação de novos vigilantes e acusou o governo de estar inadimplente com diversas empresas que prestam o serviço, principalmente as que têm contratos com a Secretaria de Saúde.

Supervisor dispara contra vigilantes no Hospital Regional de Ceilândia - GO

Segundo a Polícia Militar, a confusão ocorreu entre funcionários da empresa terceirizada que presta serviço na unidade de saúde



Uma confusão entre vigilantes no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), com tiros e ameaças de morte, assustou pacientes e servidores da unidade da rede pública de saúde do DF. Segundo a Polícia Militar, o supervisor dos vigilantes discutiu com integrantes do sindicato da categoria, pegou uma arma e disparou três vezes na direção deles. A briga ocorreu no pátio do posto médico ambulatorial. Por sorte, ninguém ficou ferido.

A direção do sindicato disse que a entidade foi chamada ao local para verificar denúncias de assédio moral por parte do supervisor contra os vigilantes de uma empresa terceirizada que presta serviço na unidade. “Chegamos, conversamos com a direção do hospital e, na saída, ele sacou a arma e disparou contra a gente”, disse Paulo Quadros, presidente do Sindicato dos Vigilantes.

De acordo com informações preliminares da PM, o supervisor foi contido por seguranças e outros servidores do hospital e está em surto, sendo atendido pelos médicos.



O deputado Chico Vigilante (PT) contou que o supervisor teria ficado de “tocaia” aguardando a saída dos integrantes do sindicato. Quando eles chegaram, “foram recebidos a bala”. “É lamentável que as empresas contratem pessoas sem qualificação para ocupar cargos de chefias. Dá nisso”, disse o distrital.

A Secretaria de Saúde informou que pediu a substituição do supervisor à empresa terceirizada.